incêndio em Jirau https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/141017/all pt-br Operário denuncia em CPI que foi torturado para confessar participação no incêndio em Jirau https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-08-21/operario-denuncia-em-cpi-que-foi-torturado-para-confessar-participacao-no-incendio-em-jirau <p> Pedro Peduzzi<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia - A Comiss&atilde;o Parlamentar de Inqu&eacute;rito (CPI) do Tr&aacute;fico de Pessoas ouviu hoje (21) o oper&aacute;rio Raimundo Braga de Souza, que trabalhou na Usina Hidrel&eacute;trica Jirau, em Rond&ocirc;nia. Ele denunciou ter sido preso por 54 dias e espancado &ldquo;diversas vezes&rdquo; por policiais militares do estado e da For&ccedil;a Nacional para admitir participa&ccedil;&atilde;o no inc&ecirc;ndio em 37 alojamentos da obra ocorrido em abril e tamb&eacute;m delatar respons&aacute;veis.</p> <p> Sem provas de sua participa&ccedil;&atilde;o no crime, Raimundo foi absolvido pela Justi&ccedil;a. &ldquo;Eles [os policiais] queriam que eu confessasse algo que n&atilde;o fiz e que apontasse quem teria feito aquilo&rdquo;, disse referindo-se ao inc&ecirc;ndio. Durante a audi&ecirc;ncia na C&acirc;mara, diversos deputados manifestaram apoio ao oper&aacute;rio, que at&eacute; hoje n&atilde;o conseguiu reaver seus documentos, provavelmente queimados no inc&ecirc;ndio.</p> <p> A CPI, instalada na C&acirc;mara dos Deputados, tamb&eacute;m dever&aacute; solicitar que a Pol&iacute;cia Federal abra um inqu&eacute;rito para investigar o desaparecimento de 13 oper&aacute;rios da obra, do mesmo modo considerados &agrave; &eacute;poca suspeitos de envolvimento com o inc&ecirc;ndio. Raimundo diz que o motivo do desaparecimento deles foi &ldquo;o medo de serem repreendidos&rdquo;.</p> <p> Segundo o &nbsp;secret&aacute;rio de Seguran&ccedil;a, Defesa e Cidadania de Rond&ocirc;nia, Marcelo Nascimento Bessa, Raimundo foi preso por ter sido encontrado no local com um isqueiro e por ter sido apontado por testemunhas de estar entre as pessoas que incendiaram o canteiro de obras. &ldquo;Ele estava com um isqueiro porque, como todos sabem, &eacute; fumante h&aacute; muitos anos&rdquo;, retrucou o advogado do oper&aacute;rio, Erm&oacute;genes Jacinto de Souza.</p> <p> O fato de ter sido acusado de participa&ccedil;&atilde;o no ato de vandalismo fez com que a empresa pedisse a Raimundo que assinasse uma carta de demiss&atilde;o por justa causa, o que foi recusado. &ldquo;N&atilde;o fiz nada de errado e agora quero o meu direito de receber o que eles me devem e de ser indenizado pelos 54 dias em que fiquei preso por uma falsa acusa&ccedil;&atilde;o&rdquo;, argumentou Raimundo.</p> <p> &ldquo;Esse cidad&atilde;o pode at&eacute; ser ator e estar mentindo. Se for, me convenceu. Para mim, ele &eacute;, sim, um cidad&atilde;o honrado. O Estado, inclusive, j&aacute; reconheceu sua inoc&ecirc;ncia e [al&eacute;m disso, por causa do ocorrido,] est&aacute; at&eacute; hoje sem seus documentos&rdquo;, avaliou o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).</p> <p> Na avalia&ccedil;&atilde;o dos deputados que se manifestaram durante a audi&ecirc;ncia, as suspeitas de que o oper&aacute;rio teria sido vitima de tr&aacute;fico humano para servir de m&atilde;o de obra na constru&ccedil;&atilde;o da usina &ndash; &nbsp;um dos motivos pelos quais Raimundo foi convocado &ndash; no entanto, n&atilde;o procede.</p> <p> &ldquo;Como o pr&oacute;prio Raimundo disse, ele pagou R$ 500 a algum esperto &ndash; um sujeito que, ao que parece, se chama Ant&ocirc;nio Milagro &ndash; apenas para ser levado, junto a outras pessoas, at&eacute; a obra. Acredito que est&aacute; claro que ele n&atilde;o foi capturado pela empreiteira&rdquo;, disse o presidente da CPI. A comiss&atilde;o, segundo ele, vai ouvir Ant&ocirc;nio Milagro.</p> <p> O diretor de Energia da construtora Camargo Corr&ecirc;a, Luiz Carlos Martins, disse que o esgotamento da m&atilde;o de obra em Rond&ocirc;nia levou a empreiteira a buscar m&atilde;o de obra em outros estados. &ldquo;Mas sempre por meio do Sine [Sistema Nacional de Emprego]&rdquo;, garantiu.</p> <p> &ldquo;Isso foi noticiado em jornais de diversos estados. N&oacute;s inclusive pagamos a viagem a Porto Velho e a hospedagem. O problema &eacute; que, em obras dessa dimens&atilde;o, sempre aparecem golpistas&rdquo;, acrescentou. A Camargo Corr&ecirc;a &eacute; a empreiteira contratada para a constru&ccedil;&atilde;o da Usina Jirau.</p> <p> Raimundo disse ter sa&iacute;do satisfeito com o depoimento. &ldquo;Eu falava e n&atilde;o era ouvido. Acho que esse &eacute; o lugar certo para dizer o que aconteceu, porque todos poder&atilde;o ouvir. Espero que me ajude tamb&eacute;m a conseguir meus direitos, porque minha demiss&atilde;o n&atilde;o poderia ser por justa causa e porque fiquei 54 dias preso sem nenhum tipo de prova&rdquo;, disse o oper&aacute;rio.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> Camargo Corrêa Força Nacional incêndio em Jirau Nacional operário denuncia espancamento operário denuncia tortura Polícia Militar de Rondônia Usina Jirau Tue, 21 Aug 2012 21:00:32 +0000 davi.oliveira 701564 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/