vendedor ambulante https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/139087/all pt-br Há 12 anos, cooperativa começou a mudar vida de vendedores ambulantes do Parque Ibirapuera https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-07-28/ha-12-anos-cooperativa-comecou-mudar-vida-de-vendedores-ambulantes-do-parque-ibirapuera <p> Bruno Bocchini<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; Ex-moradores de rua, analfabetos funcionais, desempregados sem forma&ccedil;&atilde;o profissional e trabalhadores informais se juntaram, h&aacute; 12 anos, para fundar a Cooperativa dos Vendedores Aut&ocirc;nomos do Parque Ibirapuera, em S&atilde;o Paulo, que hoje re&uacute;ne 115 ambulantes. A iniciativa mudou a vida deles.</p> <p> Ant&ocirc;nia Cileide de Oliveira de Souza, de 47 anos, nascida em Tamboril, no Cear&aacute;, &eacute; uma das pessoas cuja vida deu uma guinada ap&oacute;s a implanta&ccedil;&atilde;o da cooperativa. A vendedora ambulante conta que h&aacute; 12 anos, sem a ajuda do marido para criar os quatros filhos, tirava o sustento da fam&iacute;lia com a venda, inicialmente, de algod&atilde;o doce. Depois, diversificou o neg&oacute;cio com refrigerantes, &aacute;gua e amendoim.</p> <p> Por meio da cooperativa, destaca, os ambulantes conseguem pre&ccedil;os melhores junto aos fornecedores. Al&eacute;m disso, os associados est&atilde;o legalmente constitu&iacute;dos e n&atilde;o h&aacute; mais raz&atilde;o para temer a fiscaliza&ccedil;&atilde;o.</p> <p> As melhorias, diz Ant&ocirc;nia, ajudaram, principalmente, na educa&ccedil;&atilde;o dos filhos. &ldquo;Eu tenho um filho que j&aacute; foi at&eacute; para a Espanha, gra&ccedil;as ao curso que fez no Senai [Servi&ccedil;o Nacional de Aprendizagem Industrial]&rdquo;, falou orgulhosa. Foi uma passagem curta por aquele pa&iacute;s, de apenas 40 dias, em viagem de trabalho, mas que rendeu &ldquo;um curr&iacute;culo rico&rdquo;.</p> <p> Outra fundadora da cooperativa, Lindalva Concei&ccedil;&atilde;o, de 59 anos, 28 deles trabalhando como vendedora ambulante, lembra do tempo, antes da exist&ecirc;ncia da cooperativa, em que morava em um por&atilde;o com a filha e tinha que trabalhar nas ruas em condi&ccedil;&otilde;es prec&aacute;rias para garantir o sustento.</p> <p> &ldquo;Cheguei a trabalhar at&eacute; dentro de saco, por causa do tanto frio que era. O que eu n&atilde;o consegui trabalhando em casa de fam&iacute;lia, consegui dentro do parque com a cooperativa. Consegui comprar minha casinha. Eu comecei no parque. Morava em um por&atilde;o, eu e minha filha. Era um por&atilde;o que s&oacute; cabia um colch&atilde;o no ch&atilde;o. N&atilde;o tinha nada. As roupas ficavam fora, fog&atilde;o nem tinha&rdquo;, diz.</p> <p> <strong>Economia solid&aacute;ria</strong> - A economia solid&aacute;ria, que passa praticamente despercebida por boa parte da sociedade, gera renda para 2,3 milh&otilde;es de pessoas no pa&iacute;s e movimenta, em m&eacute;dia, R$ 12,5 bilh&otilde;es por ano, segundo a Secretaria Nacional de Economia Solid&aacute;ria (Senaes).</p> <p> O Minist&eacute;rio do Trabalho e Emprego define a economia solid&aacute;ria como uma forma &ldquo;diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que &eacute; preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no pr&oacute;prio bem.&rdquo;</p> <p> No pa&iacute;s, existem 30.829 empreendimentos econ&ocirc;micos solid&aacute;rios, como cooperativas, associa&ccedil;&otilde;es e empresas autogestion&aacute;rias, e o faturamento deles chegou a 0,33% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2010 (R$ 3,7 trilh&otilde;es). De acordo com a <a href="http://portal.mte.gov.br/ecosolidaria/a-economia-solidaria/">Secretaria Nacional de Economia Solid&aacute;ria (Senaes)</a>, houve um acr&eacute;scimo de 88% de pessoas inseridas na economia solid&aacute;ria entre 2005 e 2011.</p> <p> Segundo a pedagoga e advogada Vivian Vieira, respons&aacute;vel pela administra&ccedil;&atilde;o da cooperativa, al&eacute;m do aspecto econ&ocirc;mico, o empreendimento contribuiu para a melhoria social de seus membros. &ldquo;Todos da cooperativa do Ibirapuera progrediram. Para voc&ecirc; ter uma ideia, o filho dos cooperados puderam fazer o segundo e terceiro grau porque os pais entenderam a import&acirc;ncia de se organizar, de levar seu filho para estudar. Na nossa terceira gera&ccedil;&atilde;o de cooperados, temos crian&ccedil;as que os pais entendem que a educa&ccedil;&atilde;o &eacute; o melhor instrumento. Eles fazem o maior sacrif&iacute;cio para p&ocirc;r os filhos em uma escolinha particular, para que sejam algu&eacute;m no futuro&rdquo;, diz Vieira.</p> <p> A hist&oacute;ria dessa cooperativa virou o livro <em>Cooperativa</em>, que ser&aacute; lan&ccedil;ado no dia 4 de agosto. &ldquo;&Eacute; um hist&oacute;ria muito bonita, porque &eacute; uma hist&oacute;ria sobre pessoas, com uma forma&ccedil;&atilde;o cultural m&iacute;nima, de como eles conseguiram, de uma iniciativa pr&oacute;pria deles, se organizar, e trabalhar conjuntamente em benef&iacute;cio de todos&rdquo;, declara a autora, a jornalista M&ocirc;nica Dallari.</p> <p> De acordo com M&ocirc;nica, os fundadores v&ecirc;m de uma situa&ccedil;&atilde;o de grave exclus&atilde;o social, a maioria veio do Norte e Nordeste. &ldquo;Trinta por cento jamais entraram em uma sala de aula, 70% s&atilde;o analfabetos funcionais e 90% come&ccedil;aram a trabalhar antes dos 12 anos. S&atilde;o, em sua maioria, mulheres chefes de fam&iacute;lia, que tiveram de criar filhos sem aux&iacute;lio dos maridos&rdquo;.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> analfabetos funcionais Cidadania cooperativa dos vendedores autônomos desempregados econômia solidária Educação ex-moradores de rua são paulo vendedor ambulante vendedores autônomos Sat, 28 Jul 2012 15:14:53 +0000 fabio.massalli 699930 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/